10 de jun. de 2009

Fechem as casas de parto!

Não me surpreende o fato do CREMERJ – Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro - ter fechado a Casa de Parto em Realengo, Zona Oeste do Rio. Não entendo o espanto? 



A casa tem que ser fechada, senão desvia os recursos financeiros que deveriam abastecer os hospitais. Os planos de saúde perdem com isso. 
São menos gestantes – leia-se = Famílias - a pagarem um plano eterno de saúde. 

Olha quando dinheiro desviado das grandes empresas de seguro Saúde. São mais de 1.300 no país.
A cada dia novas famílias são geradas na nossa sociedade e é necessário um bom “PLANO” de saúde para assegurar que elas sobreviverão a todo tipo de mazelas futuras. Desde que o mundo existe bebes são postos no mundo a cada segundo – quer a CREMERJ queira ou não!

Mas você deve estar pensando... “Mas muitos bebes e mães morrem também nos partos”. É claro! Quem disse que não morreriam? Quem nos disse que viveríamos para o SEMPRE? 

Quem nos disse que não passaríamos um dia sem enfermidades em nossas vidas? Quem nos disse que somos imortais? Vida é risco! Alguém já lhe disse isso antes? Temos que nos acercar, nos interar sobre os riscos, é obvio, mas viver sem risco é impossível.

Os riscos nos fazem vencer, lutar para o desenvolver. A vida é um eterno desenrolar de problemas. Só aprendemos fazendo, sentindo, vivenciando. Mas ninguém quer viver, ou melhor, sentir aquilo que não é bom. Buscamos apenas o prazer, um sentimento de satisfação imediata e segura, assim a vida faz sentido...

Estamos ensinando a nossos filhos a serem covardes! Uma geração de covardes! Estamos ensinando nossos filhos a não enfrentar a dor, a não reconhecer a dor. O que infelizmente é impossível, pois devemos entender a palavra DOR como um sentido de alerta, uma reação orgânica intensa que nos desvia da destruição do mesmo.

A palavra DOR é muito subjetiva, pois cada indivíduo apreende a aplicação da palavra através de experiências relacionadas com lesões nos primeiros anos de vida, portanto, estamos ensinando a nossos filhos a evitar a dor, a não conhece-la a qualquer preço. 

Enxergamos bactérias, vírus, fungos e parasitas em todo lugar. O mundo é sujo e nocivo. As doenças estão por toda parte. Temos que lavar nossas mãos com sabonetes antibacterianos para nos livrarmos de qualquer mal vindo da rua. Todo lugar está infestado de vírus e bactérias que podem nos matar a qualquer momento. As tintas e massinhas que nossos filhos brincam na escola devem ser antialérgicas. O quarto de nossos bebes devem ser purificados e desinfetados. O ar que respiramos está todo contaminado.

A areia e a terra devem ser evitadas para não contaminar nossas crianças. Os animais devem ficar longe delas, pois são sujos. O andar mais alto do edifício é o lugar mais seguro de morar, pois os mosquitos não chagam lá. Mosquitos trazem vírus da dengue e outros. Nossas crianças devem aprender desde cedo a não se machucar – isso dói. 

As tesouras e facas devem ser removidas de suas vistas, pois eles não sabem o que fazer se algo lhes cortar a pele. São burros demais para se autocontrolarem e procurar ajuda. 

Os móveis não devem ter pontas. 
As escadas e sacadas devem ter proteção, pois nossos filhos são estúpidos demais para saber se defender de uma queda. Eles não sabem o que é uma boa queda, pois nunca caíram de uma árvore, de um muro. 

Nossas crianças não sabem nem identificar um osso quebrado. Algumas nem sentem tanta dor assim, pois estamos lá para lhes tirar qualquer sofrimento, vamos tirar chapas, passá-los num aparelho de ressonância magnética para constatar – “Ah, não disse que você quebrou!” Uma geração de covardes! 

Medo do parto. Medo do sentir aquilo que nunca sentiu. Um paradoxo de sentimentos paira nessa nova era.Uma coisa que nos foge da consciência.



Pessoas procuram diariamente clínicas para mudar seus corpos. Querem ter seios diferentes, nádegas, narizes, coxas diferentes. Colocar piercing em lugares nunca antes imagináveis. Tatuagens imensas duram horas sobre agulhas. 

Será que ninguém sente dor? Muitos vão dizer que essa dor é diferente. Eu concordo, é uma dor controlada pela mente. As pessoas descobriram, sem ter consciência, disso que a dor pode ser controlada, basta que você tenha uma crença, uma fé naquilo que deseja. 

E a crença, a fé é fazer parte do sentimento da massa humana, ou seja, fazer o que todos estão fazendo. Inconsciente coletivo, diria Jung. Esse mesmo inconsciente coletivo é que nos leva a creditar que não podemos nos curar. 

Que não podemos ser livres de PLANOS DE SAÙDE. É esse mesmo inconsciente coletivo que nos diz que ter um filho de parto normal é ruim, dói e mata

Pense um pouco. Leia mais. Desligue a TV. Acredite na sua saúde. Acredite que você tem o controle de seu corpo. Deixe seu filho aprender o que é a dor por ele mesmo, ou alguém vai ensiná-lo. 

 Laura Botelho

PACOTÃO de venda dos meus livros