O cone sul está indo a passos largos em direção à tragédia
O aumento da violência, precarização dos direitos civis, concentração da
riqueza, violação dos direitos humanos, corrupção em escala astronômica, estão fortalecendo a presença das Forças Armadas num cenário próximo de uma explosão
social.
Argentina como Uruguai são os dois únicos países da
região que tem um limite da utilização
das forças armadas, mas isso parece estar em pleno processo de mudança.
Durante a celebração do Dia do Exército, Mauricio Macri declarou:
“Precisamos que as Forças Armadas
dediquem maiores esforços na cooperação com outras áreas do Estado, fornecendo
apoio logístico às forças de segurança para cuidar dos argentinos frente às
ameaças e desafios atuais”.
Há 11 anos o México está no
combate contra as drogas e isso disparou uma guerra interna sem precedentes,
pontuando a lista entre os países mais violentos do planeta, mais que o Afeganistão,
Iêmen, Brasil, Colômbia, entre outros.
O Uruguai, por usa vez está nessa linha de endurecimento para resolver problemas de segurança pública aumentando
seu poder de vigilância e coerção das forças policiais no país.
Há novos equipamentos, disponibilidade de tecnologias de informática do
tipo “Big Brother” com centenas de câmeras HD implantadas em diferentes bairros
da capital, bem como em outras cidades e vilas do território nacional uruguaio.
O software de espionagem “El
Guardián“, que desde 21 de dezembro de 2016 permite o monitoramento de
cerca de 800 telefones celulares,
200 linhas telefônicas fixas e cerca de 100
e-mails simultaneamente, proporciona capacidades inéditas a vigilância
policial.
Uruguai é o país com a maior taxa de policiais da região, 809 por 100 mil
habitantes, e novas forças policiais especializadas foram criadas para atender
a novos contextos criminais.
Em março de 2017, o Uruguai também atingiu a maior taxa de privação de liberdade em sua história, estando no
top 30 de países mais reclusos por 100 mil habitantes.
Mesmo com todo esse pacote de linha dura, a insegurança se faz presente.
Os discursos pedindo mais rigidez e endurecimento de sentenças vão
crescendo. Alguns já falam em intervenção
militar.
“Viver sem Medo“- é o slogan usado
por alguns políticos para captar assinaturas e poder realizar um plebiscito
para modificar a constituição “por mais segurança“. Coincidentemente, ex-militares uruguaios, da mesma forma que no Brasil,
procuram ingressar em partidos
para disputar eleições.
Os elos estão mais fortes, os pontos estão mais nítidos e desenhando uma tragédia
a caminho. O aumento da violência, Injustiça federal, Corrupção, concentração
da riqueza e violação sistemática dos direitos humanos entre outros motivos,
concentram um material explosivo nesses países Sul Americanos. Algum momento vão acender um fósforo.
O Brasil com Temer (comunistas), Venezuela com Maduro, estão
em processo de implosão acelerada, uma questão de tempo.
1970 Salvador
Allende foi eleito presidente do Chile, por um movimento socialistas, comunistas, setores católicos e
liberais do partido Radical e do Partido Social Democrata, com grande apoio dos
trabalhadores urbanos e camponeses.
Passados apenas 2 anos de governo, em 9 de outubro de 1972, caminhoneiros chilenos paralisaram os trabalhos
no país por 26 dias – um tempo
suficiente para desorganizar a vida pacata
no Chile dos anos 70.
Esse comportamento, aliado a outros tantos
não visíveis, construiu substancia explosiva para a derrubada do
Governo Socialista (comunista) de Allende no ano seguinte.
A ideia de nacionalizar empresas estrangeiras – o bloqueio econômico
informal que deixou o país sem poder importar produtos, uma vez que o Chile era
historicamente dependente das
importações estadunidenses - viu crescer o mercado negro de alimentos, e falta
de produtos - atingiu muito mais classes mais
pobres do que a burguesia.
Aquele velho jargão de "construir uma sociedade socialista em
liberdade, pluralismo e democracia" não colou e não cala mais, a
estratégia usada tem o mesmo Script caduco, mas a massa não enxerga isso.
Esse processo de nacionalização da
economia com reforma agrária e
com a elevação do nível de vida dos trabalhadores destruindo o “predomínio econômico e imperialista”, blá,
blá, blá... parece que não funciona em lugar algum sem que haja, da mesma
forma, uma “mão de ferro” no controle da manada.
Essa “parada de outubro” nos anos 70 no Chile, foi cuidadosamente arquitetada durante quase um
ano pelos sindicatos patronais que abrigavam 165 sindicatos, com 40 mil
associados, donos de 56 mil caminhões, para a dissolução do governo de Allende.
Para amenizar as coisas, 3
semanas antes da deflagração da greve, o governo de Allende firmou um
acordo com o sindicato concedendo um aumento de 120% nos fretes e o congelamento
dos combustíveis.
Não adiantou nada. Cada dono de ônibus ou caminhão levou seus veículos
para sua residência para impedir a captação desses pelas autoridades.
Já viu esse filme? Pois é... o roteiro é o mesmo.
Mas não houve jeito, a paralisação continuou e a solução que Allende encontrou
foi decretar o estado de
emergência em 12 das 25
províncias, estendido posteriormente a 20. Na capital Santiago foi imposto o toque de recolher das
00h às 6h.
Alguns militares que apoiavam o governo foram convocados a intervir.
Fizeram patrulhamento das ruas bem como convocar motoristas dos serviços
públicos para conduzir veículos disponíveis para manter o transporte público e a vida cotidiana.
Milhares de estudantes dos dois principais centros de educação superior,
a Universidade do Chile e da Universidade Técnica, ambas públicas, ajudaram no
trabalho de carga e descarga das mercadorias transportadas pelas ferrovias, que
ainda continuavam funcionando, e da frota de caminhões dos proprietários que
não aderiram à greve e fazer circular as mercadorias
Salvador Allende terminou 1972 com uma taxa de inflação que beirava os
100% anuais, acelerando o desgaste de seu governo após essa primeira paralisação geral.
No ano seguinte, os caminhoneiros voltaram com um
novo “paro”, que terminou com a
derrubada desse presidente socialista.
Em seu lugar, instaurou-se uma ditadura encabeçada pelo general Augusto Pinochet - justamente um dos militares que apoiou Allende no
enfrentamento da greve de 1972 e na segunda, em julho de 1973.
A derrubada do governo Allende aconteceu em Valparaíso com um levante da Marinha na madrugada de 11 de setembro
e recebeu a adesão, na capital, das três armas e do Corpo de Cabineiros,
numa operação comandada pelo general Augusto
Pinochet.
Os confrontos nas ruas foram caracterizados por um massacre nos bairros
operários e fábricas ocupadas - cerca de
10 mil mortos e milhares de prisões;
O ataque ao Palácio de La Moneda
acabou em um “suicídio assistido” do Presidente eleito pelo "povo" – se é que você me entende.
Não sei o que o podemos esperar nesse ano de eleições, mas podemos nos PREVENIR.
Prevenção significa informação e atitude equilibrada. A partir do momento
que você percebe como a história está se materializando, é o momento para
estudar novos rumos, novos planos de ação.
Cada um conhece seu nível de atenção. A maioria faz pouco caso, ri,
desdenha, se diverte com as muitas “teorias conspiratórias” – mas são esses mesmos
que nos darão o maior trabalho mais tarde.
A Zumbizada quando sai da cripta... faz um estrago danado.
laura botelho